
Fonte: Vatican News
Após celebrar a missa no Santuário de Loreto, o Papa Francisco assinou a Exortação Apostólica pós-sinodal dedicada aos jovens. O documento será publicado no próximo dia 02 de abril, informa a Sala de Imprensa da Santa Sé.
O Papa Francisco escolheu o Santuário de Loreto para assinar nesta segunda-feira (25/03) a Exortação Apostólica fruto do Sínodo dos Bispos para os jovens, intitulada "Christus vivit - Cristo vive".
Segundo a tradição, no Santuário estão conservadas as paredes onde a Virgem disse seu "sim" ao projeto de Deus. Ali, o Papa se deteve em oração silenciosa antes de presidir à celebração eucarística, em que não pronunciou a homilia.
No altar, o Pontífice assinou o documento ao lado do Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Card. Lorenzo Baldisseri.
Na sequência, o Pontífice cumprimentou por cerca de meia hora os doentes presentes dentro da Basílica.
Ao final, no adro do Santuário, Francisco pronunciou um discurso aos fiéis em que destacou a vocação da Santa Casa como a casa dos jovens, porque ali a Virgem Maria continua a falar às novas gerações, acompanhando cada um na busca de sua vocação.
Escuta, discernimento e decisão
No evento da Anunciação, que a Igreja celebra neste 25 de março, aparece a dinâmica da vocação, expressa nos três momentos que marcaram o Sínodo: escuta da Palavra; discernimento; e decisão.
O primeiro momento, o da escuta, manifesta-se nas palavras do anjo: "Não temas Maria, [...] conceberás um filho, lhe darás à luz e o chamarás Jesus".
“É sempre Deus quem toma a iniciativa de chamar a segui-lo”, disse o Papa, acrescentando que precisamos estar prontos e dispostos a escutar e acolher a voz de Deus, que não se reconhece no barulho e na agitação.
O segundo momento típico de cada vocação é o discernimento, expresso nas palavras de Maria: “Como acontecerá isso?”.
Maria não duvida, explicou o Papa; pelo contrário, quer descobrir todas as surpresas de Deus. E esta é a atitude do discípulo: colaborar com a iniciativa gratuita do Senhor para aprofundar as próprias capacidades.
A decisão é a terceira fase que caracteriza cada vocação cristã, explicitada na resposta de Maria ao anjo: “Faça-me em mim segundo a tua palavra”.
“Maria é o modelo de toda vocação e a inspiradora de toda pastoral vocacional: os jovens que estão em busca e se interrogam sobre seu futuro, podem encontrar em Maria Aquela que os ajuda a discernir o projeto de Deus sobre si mesmos e a força para aderir a ele.”
Loreto, polo espiritual
Francisco aponta Loreto como um local privilegiado onde os jovens podem ir em busca da própria vocação, “um polo espiritual a serviço da pastoral vocacional”, oferecendo indicações práticas aos frades capuchinhos que cuidam da Basílica, como por exemplo a ampliação do horário de fechamento.
Família e doentes
Além de ser a casa dos jovens, a Santa Casa é também o local da família. Para Francisco, a experiência doméstica da Virgem indica que família e jovens não podem ser dois setores paralelos da pastoral das comunidades, mas “devem caminhar estreitamente unidos, porque com frequência os jovens são aquilo que uma família deu a eles no período do crescimento”.
A Casa de Maria é ainda a casa dos doentes. “A doença fere a família, e os doentes devem ser acolhidos dentro da família”, recordou, enviando a todos os doentes do mundo uma afetuosa saudação. “Vocês estão no centro da obra de Cristo, porque compartilham e carregam de maneira mais concreta atrás Dele a cruz de todos os dias.”
Precisa-se de pessoas simples e sábias
O Papa concluiu confiando aos fiéis uma missão: “levar o Evangelho da paz e da vida aos nossos contemporâneos, muitas vezes distraídos, presos pelos interesses terrenos ou imersos num clima de aridez espiritual. Precisa-se de pessoas simples e sábias, humildades e corajosas, pobres e generosas”.
Francisco pediu a intercessão de Nossa Senhora para que ajude todos os fiéis, especialmente os jovens, a percorrerem o caminho da paz e da fraternidade fundadas no acolhimento e no perdão, no respeito do outro e no amor que é dom de si.
Por Bianca Fraccalvieri.
Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-03/papa-francisco-discurso-loreto-paplor.html

Fonte: Google - MPF
Feminicídio: A hemorragia de nosso tempo
Por Dom Pedro Brito Guimarães *
Neste oito de março, Dia Internacional da Mulher, peço licença e passagem a vocês, mulheres e homens, para tocar com meus dedos, em uma das chagas mais dolorosas, sangrentas e mortais: o feminicídio. Embora exista agendas positivas para comemorar este Dia, preferimos afirmar que feminicídio é a hemorragia do nosso tempo. Hemorragia remete imediatamente a sangue, a dor, a sofrimento e a morte. Fico inquieto quando ouço notícia de mais um feminicídio.
Mas não basta contabilizar estatísticas. Ao lado das violências, banalizadas e institucionalizadas, dos crimes organizados, das milícias e das quadrilhas armadas, dos tráficos de pessoas e de drogas e das importunações sexuais, “o feminicídio é a praga que mais cresce na América Latina” (papa Francisco, na JMJ-2019, no Panamá). Segundo dados colhidos, nas redes socais, a taxa de feminicídio cresceu 81,8% no Tocantins. Só em Palmas cresceu 1.100% em dez anos. Trata-se, pois, de uma tragédia humana, de uma hemorragia que precisa ser estancada.
Não é esta a intenção do Criador. Ao ver Eva, pela primeira vez, Adão exclamou: “desta vez, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gn 2,23). De fato, “não foi criada para os humanos a soberba, nem a raiva para os nascidos de mulher” (Eclo 10,22). Matar por amor, por ciúme ou por quaisquer outros motivos é não amar, é odiar. Aqui valem os velhos ditados: “quem ama não mata” e “quem mata não ama”. Amar e matar é a negação do amor. Amar não é apossar-se. “Amar é tudo dar e dar-se a si mesmo” (São João da Cruz), pois, “o amor é magnânimo, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem arrogante; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,4-7).

Violência não é sinal de força e de poder e sim de fraqueza, de posse e de perda. O pior de um homem é matar uma mulher que não o quer mais como companheiro. Matar assim é matar a si mesmo. Neste caso específico, femicicídio é suicídio. Qual é o perfil do que mata quem não a quer mais como companheira? E o de um homem de baixa autoestima, de um amor só, de um pensamento único, inseguro e incapaz de recomeçar a vida com outra parceira depois que o relacionamento amoroso terminou.

Fonte: MPF.
Sábias, verdadeiras, belas e oportunas são as palavras do papa Francisco: “mulher não existe para lavar louças. A mulher é para trazer harmonia. Sem a mulher não há harmonia”. Matar mulher é matar a harmonia do mundo. E o que mais precisamos, neste tempo complexo, é de harmonia. Além de tudo, feminicídio é crime hediondo. Não é possível continuar matando mulher só porque ela não quer mais conviver com um determinado homem.
Por tudo isto, precisamos fazer alguma coisa. Não bastam o silêncio, cruzar os braços, fechar a boca e o coração. Não vale simplesmente a consternação. Não basta contabilizar dados estatísticos sobre o feminicídio. É preciso ter coragem para mudar este estado de coisa. É preciso harmonizar e humanizar as relações entre homem e mulher. É preciso ensinar a amar e a começar um novo relacionamento amoroso. É preciso que homem e mulher se irmanem e lutem juntos para estancar esta hemorragia, fonte de muitos sofrimentos. É preciso pôr em prática a legislação, repudiar todas as formas de violência e de morte e promover a cultura do encontro e da fraterna convivência entre homem e mulher.
Mulheres, contem conosco! Um abraço e minha bênção!
* Arcebispo de Palmas (TO)

Quaresma 2019: converter-nos para fazer da criação um jardim, não um deserto
A criação clama pela conversão dos filhos de Deus, escreve o Papa Francisco em sua mensagem para a Quaresma 2019.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do Vaticano
O tema da criação inspirou a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2019.
O texto foi divulgado esta terça-feira (26/02) na Sala de Imprensa da Santa Sé, com o título “A criação encontra-se em expectativa ansiosa, aguardando a revelação dos filhos de Deus”, extraído de Romanos 8,19.
O Pontífice oferece algumas propostas de reflexão para acompanharem o caminho de conversão nesta Quaresma.
A redenção da criação
O Pontífice destaca que a criação se beneficia da redenção do homem quando este vive como filho de Deus, isto é, como pessoa redimida. Neste mundo, porém, adverte Francisco, “a harmonia gerada pela redenção continua ainda – e sempre estará – ameaçada pela força negativa do pecado e da morte”.
A força destruidora do pecado
Com efeito, prossegue o Papa, quando não vivemos como filhos de Deus, muitas vezes adotamos comportamentos destruidores do próximo, das outras criaturas, mas também de nós mesmos. Isso leva a um estilo de vida que viola os limites que a nossa condição humana e a natureza nos pedem para respeitar, seguindo desejos incontrolados.
“Se não estivermos voltados continuamente para a Páscoa, para o horizonte da Ressurreição, é claro que acaba por se impor a lógica do tudo e imediatamente, do possuir cada vez mais.”
A aparição do mal no meio dos homens interrompeu a comunhão com Deus, com os outros e com a criação, a ponto de o jardim se transformar num deserto.
Trata-se daquele pecado que leva o homem a considerar-se como deus da criação, explica o Papa, a sentir-se o seu senhor absoluto. Quando se abandona a lei de Deus, a lei do amor, acaba por se afirmar a lei do mais forte sobre o mais fraco.
“O pecado, manifestando-se como avidez, ambição desmedida de bem-estar, desinteresse pelo bem dos outros – leva à exploração da criação (pessoas e meio ambiente), movidos por aquela ganância insaciável que considera todo o desejo um direito e que, mais cedo ou mais tarde, acabará por destruir inclusive quem está dominado por ela.”
A força sanadora do arrependimento e do perdão
Por isso, a criação tem impelente necessidade que se revelem os filhos de Deus. E o caminho rumo à Páscoa chama-nos precisamente a restaurar a nossa fisionomia e o nosso coração de cristãos, através do arrependimento, a conversão e o perdão, para podermos viver toda a riqueza da graça do mistério pascal.
A Quaresma chama os cristãos a encarnarem, de forma mais intensa e concreta, o mistério pascal na sua vida pessoal, familiar e social, particularmente através do jejum, da oração e da esmola.
Jejuar, isto é, aprender a modificar a nossa atitude para com os outros e as criaturas: passar da tentação de «devorar» tudo para satisfazer a nossa voracidade, à capacidade de sofrer por amor, que pode preencher o vazio do nosso coração. Orar, para saber renunciar à idolatria e à autossuficiência do nosso eu, e nos declararmos necessitados do Senhor e da sua misericórdia. Dar esmola, para sair da insensatez de viver e acumular tudo para nós mesmos.
“Queridos irmãos e irmãs, a ‘quaresma’ do Filho de Deus consistiu em entrar no deserto da criação para fazê-la voltar a ser aquele jardim da comunhão com Deus. Que a nossa Quaresma seja percorrer o mesmo caminho, para levar a esperança de Cristo também à criação.
“Não deixemos que passe em vão este tempo favorável!”, é o apelo final do Papa.
Fonte: https://www.vaticannews.va